Decisões recentes do Ministério da Educação refletem a tensão entre estas duas prioridades, com implicações diretas na qualidade do ensino. Um relatório do Conselho Nacional de Educação lança um alerta claro sobre o futuro do corpo docente em Portugal, estimando que será necessário contratar 39 mil novos professores até 2035 para responder ao envelhecimento da classe e ao aumento do número de alunos. Este desafio estrutural de longo prazo contrasta com as medidas de gestão imediata que o Ministério da Educação tem vindo a tomar. Numa tentativa de colmatar as falhas mais prementes, o Ministério determinou o regresso às escolas de 169 professores que se encontravam em mobilidade nos seus serviços centrais. A medida, a ser implementada a partir de janeiro, visa reforçar grupos de recrutamento considerados deficitários, como o do 1.º ciclo do Ensino Básico, que receberá 36 destes docentes.

Esta decisão, embora pragmática, evidencia a dificuldade em encontrar soluções sustentáveis para a falta de professores em áreas críticas.

A complexidade da gestão dos quadros docentes estende-se também às condições de trabalho, como ilustrado por um inquérito a 1257 professores que revelou "atrasos generalizados" no pagamento de apoios extraordinários à deslocação.

Estes problemas burocráticos e financeiros contribuem para o descontentamento e a desvalorização da carreira, dificultando a atração de novos talentos. A gestão da carreira docente inclui ainda a participação em projetos de cooperação internacional, como o projeto CAFE em Timor-Leste, do qual o Ministério da Educação dispensou recentemente 30 professores, alguns com vários anos de serviço, o que demonstra a complexidade da alocação de recursos humanos para além das fronteiras nacionais.