Estes dois fatores combinados ameaçam a qualidade do ensino e a estabilidade do corpo docente.

Um balanço realizado pela Missão Escola Pública sobre o primeiro período letivo revela um cenário preocupante: em 35% dos agrupamentos de escolas faltaram professores para preencher pelo menos um horário.

As regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Algarve e Alentejo são identificadas como as mais afetadas por esta carência de profissionais, o que resulta em turmas sem aulas e sobrecarga para os docentes em exercício.

A situação é agravada pelo envelhecimento da classe docente e pelo elevado número de saídas para a reforma. Só no corrente ano, mais de 3.600 docentes aposentaram-se, um número expressivo que demonstra a ineficácia do suplemento de incentivo criado para prolongar a carreira. A tendência de saída não parece abrandar, com a previsão de que mais 303 professores, maioritariamente do ensino básico e secundário, se aposentem já no próximo mês de janeiro. Esta sangria contínua de profissionais experientes, sem uma correspondente capacidade de recrutamento e retenção de novos talentos, cria um ciclo vicioso. A falta de professores não só compromete o direito dos alunos a uma educação completa, como também deteriora as condições de trabalho dos professores que permanecem no sistema, aumentando o desgaste e o desincentivo à profissão.

A conjugação destes dois fenómenos — a dificuldade em preencher horários e a saída massiva de docentes para a reforma — constitui um dos maiores desafios para a política educativa nacional, exigindo medidas urgentes.