A frustração com os baixos salários e a falta de oportunidades são apontados como os principais motores deste êxodo, que estabilizou em cerca de 65 mil saídas anuais. Embora os dados do Observatório da Emigração para 2024 mostrem uma ligeira descida face ao ano anterior, o número de saídas permanece elevado, com a Suíça e a Espanha como principais destinos. Uma reportagem sobre a geração que emigrou durante a crise da troika ilustra vividamente a realidade de muitos: jovens que, fartos de "salários de 800€" e da precariedade, encontraram no estrangeiro, como em Berlim, um reconhecimento profissional e financeiro imediato, passando para o dobro do vencimento. Esta "fuga de cérebros" significa que o investimento feito pelo Estado na formação destes cidadãos acaba por beneficiar as economias de outros países. A falta de perspetivas de uma carreira digna e a dificuldade de emancipação em Portugal, onde 69% dos jovens não ganham o suficiente para serem independentes, funcionam como um poderoso fator de expulsão. Perante este cenário, especialistas como os do Observatório da Emigração sugerem que a solução para a demografia e o mercado de trabalho passa por "apostarmos na imigração", reconhecendo a incapacidade do país em reter os seus próprios talentos.