Este dado levanta sérias questões sobre a qualidade do ensino e a capacidade do sistema para atrair e reter profissionais qualificados.
A análise das candidaturas ao concurso extraordinário, destinada a preencher vagas com docentes de vínculos precários, trouxe à luz uma fragilidade estrutural do setor da educação em Portugal.
Segundo os dados divulgados, mais de 50% dos aspirantes a uma vaga permanente não têm a qualificação pedagógica exigida, recorrendo a "habilitação própria" para lecionar.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) manifestou a sua preocupação, afirmando que "tudo indica que voltará a verificar-se um número significativo de docentes a vincular apenas com habilitação própria".
Esta situação evidencia a dificuldade do sistema em atrair novos talentos e a dependência de profissionais sem a formação específica, o que pode comprometer a qualidade do processo de ensino-aprendizagem.
A situação é agravada pelo envelhecimento da classe docente, com um quarto das candidaturas a pertencer a professores com 50 ou mais anos, sinalizando uma crise de renovação geracional.
Embora a Fenprof saúde a abertura de vagas para combater a precariedade, sublinha que esta medida "não responde ao problema da falta de profissionais". A carência é particularmente notória em certas áreas, embora grupos como o pré-escolar, o 1.º ciclo e Matemática e Ciências do 2.º ciclo apresentem um número de candidatos superior ao de vagas, sugerindo um desequilíbrio na distribuição de recursos humanos pelo país. Este cenário reflete uma crise mais profunda, discutida em artigos de opinião que apontam para a necessidade de "reconstruir" o papel do professor na era digital e de valorizar a profissão para enfrentar os desafios de um mundo globalizado.














