Este fenómeno natural, raro e visualmente espetacular, evidencia a intensidade extrema das condições meteorológicas e dos próprios incêndios que assolam o país.

O fenómeno, tecnicamente designado como turbilhão ou redemoinho de fogo, ocorre quando o calor intenso de um incêndio cria fortes correntes de ar ascendentes que, combinadas com ventos à superfície, formam um vórtice vertical. Esta coluna de ar em rotação suga detritos, poeiras e chamas, criando a aparência de um tornado em chamas.

Segundo Paulo Narciso, especialista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a génese deste fenómeno está ligada ao “sobreaquecimento” provocado pelos incêndios, onde as temperaturas podem atingir “a ordem dos mil graus”. O especialista explicou que “não classificamos como tornado, a definição mais específica tem a ver com a estrutura da coluna do vórtice e a sua génese.

Aquilo que visualizei foi um turbilhão de fogo”. Estes redemoinhos têm uma duração muito curta, cerca de 20 segundos, mas representam um grande perigo, dificultando o combate às chamas e podendo projetar matéria incandescente, potenciando a propagação do fogo.

O facto de terem sido registados em vídeo, especialmente o de Alvite, que se tornou visível à noite, permitiu uma maior consciencialização pública sobre a sua existência, um fenómeno que já teria sido observado nos grandes incêndios de Pedrógão Grande em 2017.