O ritual, realizado a 24 de agosto, dia em que a crença popular diz que "o diabo anda à solta", combina fé, superstição e práticas ancestrais. Em São Bartolomeu do Mar, a romaria de S. Bartolomeu atrai anualmente famílias que procuram uma cura para os seus filhos.
A crença lendária sustenta que, a 24 de agosto, o diabo anda livre, e este ritual serve para livrar as crianças de males como o medo, a gaguez ou a epilepsia. O processo é conduzido por um "banheiro" que mergulha as crianças no mar por um número ímpar de vezes. Este ato, considerado purificador, é complementado por outra prática insólita: os pais devem dar três voltas à igreja local com um galo preto ao colo.
A tradição está profundamente enraizada no imaginário popular português, que encara o dia de São Bartolomeu como um momento em que as forças do mal estão mais ativas, exigindo rituais de proteção. O santo é visto como o guardião que, nesse dia, solta momentaneamente o diabo das suas correntes, tornando o mundo mais instável e perigoso.
O banho no mar e a procissão com o galo funcionam como um confronto simbólico com o mal, onde o povo utiliza a festa, a água e os rituais para reafirmar a sua fé e garantir proteção para o resto do ano. Este costume é um exemplo vivo do sincretismo cultural português, onde o sagrado e o profano se encontram para dar resposta aos medos e anseios da comunidade.














