O confronto institucional, raro e invulgar, gerou um debate sobre as competências e a coordenação entre as forças de segurança portuguesas.

O incidente ocorreu após o navio, com bandeira da Libéria, ter solicitado assistência às autoridades portuguesas na noite de 3 de setembro, reportando a "presença a bordo de elementos estranhos à tripulação".

Em resposta, foi mobilizada uma equipa conjunta da Autoridade Marítima Nacional (AMN) e da Marinha para abordar a embarcação ao largo da costa algarvia. Contudo, a AICPM alega que a Marinha, "sem qualquer competência legal para tal", enviou um grupo de fuzileiros do Destacamento de Ações Especiais para "efetuar uma ação policial", interferindo assim numa operação da Polícia Marítima. Em comunicado, a associação acusa a Marinha de violar a Constituição da República Portuguesa, a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e a Lei de Segurança Interna.

A AICPM lamentou ainda que o Comandante-geral da Polícia Marítima não tenha exercido os seus deveres como Autoridade de Polícia Criminal, sugerindo que o sistema atual permite que o Chefe de Estado-Maior da Armada dê ordens indiretas e interfira nesta polícia. A associação aguarda agora que a Secretária-Geral do Sistema de Segurança Interna e as autoridades judiciais investiguem a atuação dos militares da Marinha.