A controvérsia reacendeu o debate sobre a segurança do analgésico mais consumido por grávidas em todo o mundo.
Numa conferência de imprensa ao lado do secretário da Saúde, Robert F. Kennedy Jr., Donald Trump sugeriu uma ligação entre o Tylenol (marca de paracetamol mais popular nos EUA) e o aumento de casos de autismo, aconselhando as grávidas a não tomarem o medicamento a menos que seja recomendado por um médico. Sem apresentar provas científicas, o presidente norte-americano chegou a citar rumores de que “praticamente não há autismo” em Cuba por o país não ter acesso ao fármaco.
A reação da comunidade científica e médica foi imediata e contundente.
A Kenvue, empresa fabricante do Tylenol, rejeitou a associação, afirmando em comunicado que discorda “veementemente de qualquer sugestão contrária à ciência independente” e manifestando preocupação com o risco que tais declarações representam para a saúde das mulheres. Em Portugal, o Infarmed e especialistas como a obstetra Marina Moucho também refutaram a alegação, baseando-se em estudos da Agência Europeia do Medicamento, que não encontraram evidências de uma relação causal. A médica recordou que “o paracetamol foi introduzido no mercado em 1955, já havia diagnóstico de autismo antes disso”, sugerindo que, se a ligação fosse real, a incidência da doença seria muito maior.
O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas classificou as sugestões como “irresponsáveis”, simplificando “perigosamente as muitas e complexas causas dos problemas neurológicos nas crianças”.
Os especialistas reiteram que o aumento de diagnósticos de autismo se deve a critérios mais abrangentes e precisos, e não a uma causa única.














