O fenómeno tem-se intensificado ao largo da Costa da Caparica, Cascais, Algarve e Peniche, com perto de 60 encontros registados em águas portuguesas só este ano.

Um dos casos mais graves envolveu um veleiro que se afundou após o leme ter sido atingido, forçando a tripulação a ser resgatada. Este comportamento, que está a correr mundo, parece ter começado em 2020 com um pequeno grupo de três orcas juvenis e propagou-se a cerca de metade da população local, que conta com aproximadamente 40 animais.

A principal teoria defendida por biólogos como Elio Vicente e Rui Rosa é que as interações não são agressivas, mas sim lúdicas.

Segundo os especialistas, o leme das embarcações, por ser uma parte móvel e ruidosa, funciona como uma espécie de “brinquedo” para as orcas.

Rui Rosa sublinha que, se um animal que pode atingir “até 11 toneladas” manifestasse agressividade real, “as consequências seriam de maior escala”.

No entanto, a crescente frequência destes incidentes já está a ter repercussões económicas, com empresas de passeios marítimos e escolas de náutica a sentirem uma quebra no negócio e a registarem-se menos embarcações estrangeiras a atravessar a costa portuguesa em direção ao Algarve.

As autoridades chegaram a proibir algumas saídas da Barra do Tejo para evitar riscos, enquanto o mistério sobre a origem e o propósito deste comportamento aprendido continua a intrigar a comunidade científica.