O caso, ocorrido em Alvaiázere, levanta sérias questões sobre a integridade dos agentes responsáveis pela proteção da floresta.

A detenção de uma profissional cuja função é precisamente a prevenção e combate a incêndios florestais constitui um dos casos mais paradoxais e alarmantes da criminalidade recente.

A suspeita, de 58 anos e sem antecedentes criminais conhecidos, terá utilizado “um isqueiro e acendalhas brancas” para atear um fogo que consumiu cerca de 3.500 metros quadrados de zona florestal, densamente povoada por eucaliptos, pinheiros bravos, carvalhos e mato.

A ironia da situação é agravada pela gravidade potencial do ato; segundo a Polícia Judiciária, o incêndio tinha um “elevado potencial para provocar perdas de vidas humanas e prejuízos bastante elevados”.

A tragédia só foi evitada graças à “pronta e eficaz intervenção dos bombeiros”, o que sublinha a periculosidade da ação e a sorte em não ter resultado em consequências mais devastadoras.

Este incidente abala a confiança nos mecanismos de proteção civil e florestal, ao revelar uma vulnerabilidade interna chocante.

O facto de a suspeita ser uma sapadora florestal, alguém com formação e responsabilidade na matéria, transforma o crime numa traição à sua missão e à comunidade que deveria proteger. O caso, que aguarda agora a aplicação de medidas de coação após o primeiro interrogatório judicial, força uma reflexão sobre os processos de recrutamento e o acompanhamento psicológico de profissionais que lidam com a gestão e o combate a incêndios.