O caso assume contornos insólitos pelo facto de os fogos terem sido ateados por "motivos fúteis" e de um deles ter sido contido pelos próprios inspetores da Polícia Judiciária que se encontravam no local em vigilância. A detenção de uma septuagenária pela presumível autoria de uma série de incêndios florestais na periferia da Guarda constitui um dos casos mais peculiares da criminalidade recente. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), a mulher terá ateado os fogos "por motivos fúteis, com recurso a chama direta", visando acumulações de combustíveis secos junto a matas de pinheiro e carvalho. Os atos ocorreram durante os meses de julho e agosto, um período crítico para incêndios no distrito, com o risco de incêndio classificado como "máximo" em todas as ocasiões, conforme os avisos do IPMA.

A atuação da suspeita durante a noite revela uma premeditação que contrasta com a futilidade dos motivos invocados. Um dos detalhes mais bizarros do caso foi a intervenção direta de inspetores da PJ, que, encontrando-se em vigilância na zona do Outeiro de São Miguel devido a ignições anteriores, conseguiram conter um dos fogos "com uso de extintores até à chegada das equipas de intervenção rápida dos Bombeiros Voluntários da Guarda".

Esta circunstância sublinha a persistência da incendiária e a atenção que as autoridades já dedicavam ao fenómeno.

Após o primeiro interrogatório judicial no Tribunal da Guarda, foi-lhe aplicada a medida de coação de prisão preventiva, a ser cumprida num "estabelecimento prisional psiquiátrico", o que sugere que a investigação poderá explorar questões relacionadas com a saúde mental da arguida como um fator subjacente à sua conduta criminosa.