A GNR apreendeu diverso material eletrónico após queixas de moradores que desconfiavam estar a ser vigiados.
Um caso invulgar de devassa da vida privada foi descoberto no concelho de Viseu, onde uma mulher de 50 anos foi detida por suspeita de filmar sistematicamente os seus vizinhos na via pública. A investigação da Guarda Nacional Republicana (GNR) teve início após múltiplas queixas de moradores que, ao longo de vários meses, notaram comportamentos estranhos e a presença de pequenos dispositivos nas janelas e muros da habitação da suspeita.
Alguns chegaram a observar luzes de gravação ativas durante a noite. Na sequência das denúncias, a GNR deu cumprimento a um mandado de busca domiciliária, culminando na apreensão de um vasto leque de material eletrónico, descrito como um sistema de vigilância "digno de filme".
Entre os objetos recolhidos encontravam-se computadores portáteis, tablets, telemóveis, máquinas fotográficas e, crucialmente, várias câmaras ocultas.
A investigação preliminar apurou que a mulher instalava os dispositivos de forma a captar imagens de pessoas que circulavam junto à sua casa, sem o seu consentimento.
O material apreendido foi encaminhado para perícia técnica, que irá analisar as gravações para determinar o número de vítimas e a duração desta atividade ilícita. Embora ainda não haja indícios de que as imagens tenham sido partilhadas, as autoridades não excluem essa possibilidade.
A suspeita foi constituída arguida e poderá responder pelo crime de devassa da vida privada, previsto no artigo 192.º do Código Penal, que protege o direito à privacidade e à intimidade, mesmo em espaços públicos.












