As estatísticas da APAV, relativas ao período entre 2022 e 2024, mostram uma subida anual constante, com 815 casos no primeiro ano, 962 no segundo e 1.036 em 2024.
Em declarações à Lusa, a criminóloga da APAV, Cynthia Silva, aponta que, embora o aumento possa indicar uma maior procura de apoio, um dado preocupante é que "em 48% das situações não há apresentação de queixa".
Este silêncio é frequentemente motivado pela "vergonha, da culpa, a vergonha de dizer que estão a ser vitimadas ou vitimados pelos próprios filhos ou filhas", explica. O medo de retaliações ou das consequências legais para os agressores, bem como o desejo de proteger a imagem de harmonia familiar, são outras barreiras significativas.
O perfil da vítima revela uma vulnerabilidade acrescida: 79,7% são mulheres, e 58,3% têm 65 anos ou mais.
Do lado dos agressores, 69% são homens, maioritariamente com idades entre os 18 e os 64 anos.
A violência doméstica representa 82,3% dos 5.654 crimes registados.
Cynthia Silva alerta ainda para a "questão da vitimação continuada", notando que muitas vítimas sofrem em silêncio durante dois a três anos antes de procurarem ajuda profissional.













