O processo de beatificação de Maria Vieira da Silva, uma jovem açoriana que morreu em 1940 ao resistir a uma tentativa de violação, entrou oficialmente na sua fase romana. A causa, que poderá estar concluída em três ou quatro anos, representa um marco histórico para a Diocese de Angra, sendo o primeiro processo de beatificação instruído integralmente nos Açores. Maria Vieira da Silva, natural da freguesia de São Sebastião, na ilha Terceira, faleceu a 5 de junho de 1940. Segundo a Diocese de Angra, o que marcou profundamente a comunidade local e gerou uma devoção espontânea foi “o gesto de perdão ao agressor, proferido antes da morte”. O processo foi concluído na sua fase diocesana em novembro de 2024 e foi agora entregue ao Dicastério para as Causas dos Santos, em Roma.
O postulador da causa, monsenhor António Manuel Saldanha, explicou que, por se tratar de um caso de martírio, “o milagre é dispensado para a beatificação, o que poderá acelerar o processo”. A documentação é descrita como “concisa e clara”, e o postulador salienta que o elemento mais marcante na vida de Maria Vieira “é a capacidade de perdoar”.
A história da jovem é também vista como “um apelo à dignificação da mulher e à superação da violência”, mostrando “que é possível responder ao ódio com amor e ao mal com perdão”.
O bispo de Angra, Armando Esteves Domingues, destacou que “a relevância desta causa está na oferta de uma lógica evangélica: onde deveria haver ódio há amor; onde deveria haver vingança há misericórdia”.
Com o processo agora em Roma, a diocese e os fiéis açorianos vivem um tempo de expectativa e oração pela beatificação da jovem mártir.
Em resumoA causa de beatificação de Maria Vieira da Silva, jovem açoriana que morreu em 1940 perdoando o seu agressor após resistir a uma violação, avançou para a fase final em Roma. Por ser considerado um caso de martírio, o processo não necessita de um milagre comprovado, podendo a sua conclusão ocorrer nos próximos três a quatro anos.