Um ex-padre octogenário de Murça, no distrito de Vila Real, vai ser julgado por um tribunal coletivo pelos crimes de violação, coação sexual, burla qualificada e usurpação de funções. A decisão instrutória do Tribunal de Vila Real considerou existirem indícios suficientes de que o arguido, mesmo após ter sido expulso da Igreja Católica em 1979, continuou a apresentar-se como padre e exorcista, enganando fiéis e abusando sexualmente de mulheres vulneráveis. Segundo a acusação, o arguido manteve a sua atividade de “padre exorcista” até dezembro de 2021, dando consultas na sua habitação e participando em programas televisivos de expressão nacional, sempre vestido como sacerdote.
No âmbito desta atividade, “recebia clientes que acreditavam que o arguido era padre e dos quais recebia contrapartidas financeiras”. O tribunal considerou indiciado que, em dezembro de 2021, o ex-sacerdote recebeu duas mulheres que o procuraram para aconselhamento espiritual. Numa dessas consultas, ter-se-á aproveitado da vulnerabilidade psicológica de uma das vítimas para praticar atos sexuais, depois de a “colocar num estado como que de inconsciência, retirando-lhe desse modo toda a capacidade de reação”.
No mesmo mês, terá também constrangido outra vítima a “suportar contactos forçados no seu corpo”.
O antigo padre foi detido pela Polícia Judiciária a 24 de dezembro de 2021, pelo crime de violação de uma mulher de 47 anos, tendo ficado em prisão preventiva até abril de 2022. Após a acusação do Ministério Público em setembro de 2023, o arguido pediu a abertura de instrução, mas o tribunal decidiu agora que o processo deve seguir para julgamento.
Em resumoUm antigo padre de Murça, que continuou a apresentar-se como exorcista décadas após ser expulso da Igreja, vai a julgamento por violação, coação sexual, burla e usurpação de funções. O arguido é acusado de se aproveitar da vulnerabilidade de mulheres durante as suas consultas para praticar abusos sexuais e obter ganhos financeiros.