A sua morte foi amplamente lamentada por colegas e instituições, que o recordam como um mestre e um visionário, cujo trabalho foi fundamental para a modernização da imprensa no Brasil.
Beraba foi cofundador e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação (Abraji), uma organização criada em 2002, na sequência do brutal assassinato do repórter Tim Lopes, com o objetivo de proteger e formar jornalistas. A sua carreira notável incluiu passagens pelas redações dos quatro jornais mais importantes do Brasil, tendo assumido o cargo de editor-executivo no Estadão em 2008, completando um ciclo raro na imprensa brasileira. Um dos seus feitos mais marcantes ocorreu em 1981, quando obteve e publicou uma fotografia do capitão Wilson Dias Machado gravemente ferido enquanto tentava plantar uma bomba para incriminar ativistas de esquerda.
Esta revelação foi crucial para a campanha de redemocratização “Diretas Já”.
Os obituários descrevem-no como um professor incansável, generoso e rigoroso, que marcou a vida profissional de inúmeros colegas. Muitos recordam que Beraba se referia aos seus pares como “Maestro”, um título que, após a sua morte, lhe foi atribuído em uníssono pela comunidade jornalística.
Diagnosticado com um tumor cerebral em março, dedicou os seus últimos meses à leitura.
O seu legado perdura não só nas reportagens de investigação que liderou, mas também na criação da Abraji, uma instituição que se tornou uma referência na defesa da liberdade de imprensa e na formação de novas gerações de jornalistas.