A sua paixão e mestria levaram-no a fixar-se em São Brás de Alportel, onde se tornou uma figura central na preservação do património molinológico, trabalhando em diversos moinhos da região. A sua ligação mais profunda foi com a emblemática Azenha da Mesquita, adquirida pela sua família em 1958, onde trabalhou lado a lado com o seu irmão José. Mesmo após se ter mudado para Faro, o seu vínculo com a azenha permaneceu inabalável.
Regressava frequentemente para manter viva uma tradição quase esquecida, partilhando generosamente o seu vasto conhecimento com inúmeros visitantes, demonstrando um entusiasmo especial junto dos jovens alunos das escolas do concelho e da região.
A sua colaboração com o Município de São Brás de Alportel foi fundamental para a requalificação da Azenha da Mesquita, que se transformou num espaço de memória viva e num testemunho da arqueologia industrial local, aberto à comunidade.
Em reconhecimento do seu percurso e do seu valioso contributo, a Câmara Municipal atribuiu-lhe, em março deste ano, um voto de louvor. No comunicado que lamenta o seu falecimento, a autarquia expressou o seu "profundo pesar" e sublinhou a "profunda gratidão de São Brás de Alportel por tudo quanto Francisco Guerreiro fez em prol da preservação da memória coletiva e do património etnográfico local". O seu desaparecimento representa a perda de um verdadeiro guardião da cultura algarvia, cujo legado perdurará como um símbolo da dedicação de um homem ao seu património.