O descarrilamento do Elevador da Glória, em Lisboa, resultou na morte de 16 pessoas e em mais de 20 feridos, transformando um ícone turístico num cenário de tragédia e suscitando um intenso debate nacional sobre a segurança dos transportes públicos históricos. O acidente, ocorrido a 3 de setembro de 2025, chocou o país pela sua dimensão e pelas circunstâncias em que ocorreu. Um relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) apontou como causa provável a cedência do cabo de ligação no ponto de fixação da cabina que descia, o que anulou a eficácia dos sistemas de travagem. O guarda-freio, André Marques, que se encontra entre as vítimas mortais, terá acionado os travões de emergência, mas estes não foram suficientes para suster o veículo, que atingiu uma velocidade de cerca de 60 km/h antes de colidir com um edifício. A investigação revelou que, embora o cabo estivesse dentro do seu prazo de vida útil, o ponto de fixação onde cedeu não é passível de inspeção visual sem desmontagem, sendo esta realizada a cada quatro anos ou na substituição do cabo.
A última grande manutenção teria ocorrido em 2022.
A tragédia levantou questões sobre a manutenção, com a empresa responsável, a MNTC/Main, a ser alvo de escrutínio, nomeadamente por, alegadamente, ter usado uma morada falsa durante anos e por a Carris não ter exigido vasta experiência no concurso de 2022.
As vítimas mortais eram de múltiplas nacionalidades, incluindo cinco portugueses, três britânicos, dois canadianos, dois sul-coreanos, um suíço, um francês, um ucraniano e um norte-americano, o que conferiu ao desastre uma dimensão internacional. A resposta institucional incluiu a declaração de luto nacional e municipal, a abertura de um inquérito pelo Ministério Público e a aprovação de medidas de apoio às vítimas pela Câmara de Lisboa, que propôs também a criação de um memorial e a atribuição do nome de André Marques a uma rua. O acidente gerou ainda um debate sobre a necessidade de simulacros obrigatórios em transportes públicos, defendida pela Associação Nacional de Bombeiros Profissionais.
Em resumoO acidente fatal com o Elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas, expôs potenciais falhas na manutenção e segurança de infraestruturas históricas. A investigação preliminar aponta para a rutura do cabo de fixação, gerando um debate sobre a responsabilidade da Carris e da empresa de manutenção, e levando as autoridades a prometer apoios às vítimas e uma reavaliação dos sistemas de segurança.