Naquele final de tarde, um comboio Sud Expresso, que ligava o Porto a Paris e transportava maioritariamente emigrantes, colidiu frontalmente com um comboio regional perto do apeadeiro de Moimenta-Alcafache, no concelho de Mangualde. O choque, a uma velocidade estimada de 100 km/h, resultou numa devastação imediata, seguida de incêndios violentos que consumiram as carruagens e dificultaram a identificação dos corpos. O número exato de mortos nunca foi apurado, com estimativas a variarem entre 40 e 200, sendo que muitas fontes apontam para cerca de 150 vítimas.

Muitos dos restos mortais, carbonizados, foram sepultados numa vala comum no local.

A investigação concluiu que o acidente se deveu a erro humano, uma falha de comunicação sobre o atraso do Sud Expresso que levou o comboio regional a avançar indevidamente para a linha única.

Apesar da conclusão, o processo judicial terminou sem a condenação de nenhum arguido.

Em memória das vítimas, foi erguida uma capela dedicada a Nossa Senhora dos Emigrantes, cuja inauguração contou com a presença de António Ramalho Eanes, Presidente da República à data do desastre.

Testemunhos de sobreviventes, como Carlos Ramos e Lília Silva, que perdeu os pais no acidente, continuam a ilustrar o horror vivido: "Foi sair do inferno e saltar para o infinito...Eu não sabia onde ia cair", recordou Carlos.