A trágica morte de 16 pessoas no acidente com o Elevador da Glória, em Lisboa, despoletou uma intensa investigação sobre as suas causas, com o foco a recair sobre a substituição de um cabo há seis anos, que poderá ter estado na origem do desastre. O incidente gerou uma onda de pesar e levou à implementação de transportes alternativos para a população. O descarrilamento do histórico funicular, a 3 de setembro, que provocou ainda mais de 20 feridos, está a ser minuciosamente investigado. Um relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), corroborado por especialistas do Instituto Superior Técnico (IST), sugere que uma alteração crucial no material do cabo, realizada há seis anos, poderá ser a principal causa. O cabo original, inteiramente de aço, foi trocado por um composto por seis cordões de aço com uma “alma em fibra”. Segundo os peritos, este núcleo de fibra, descrito como uma “corda de plástico”, ter-se-á deformado irreversivelmente com o tempo e a pressão, perdendo volume e levando a que o cabo se soltasse do seu ponto de fixação (trambolho).
O sistema de amarração não foi adaptado para o novo material. O relatório do GPIAAF também apontou falhas nos sistemas de travagem, que não possuíam redundância e não conseguiram imobilizar as cabinas após a falha do cabo. O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, reagiu pedindo que não se retirem “conclusões precipitadas”, sublinhando que uma investigação externa está em curso, mas admitiu que “uma decisão de há seis anos pode ter tido este impacto”.
Em resposta à suspensão do serviço, a Carris lançou a carreira de autocarro 51E, servida por miniautocarros elétricos, para garantir a mobilidade na zona.
Em resumoA investigação sobre o acidente do Elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas, aponta para a substituição de um cabo de aço por um com núcleo de fibra, há seis anos, como uma causa provável. Enquanto as autoridades investigam e o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, pede cautela, foi criada uma carreira de autocarro alternativa para a zona afetada.