A morte de um idoso de 84 anos em Mogadouro, durante a greve do INEM em novembro de 2024, desencadeou uma investigação da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que concluiu que o atraso no socorro poderá ter tido influência no desfecho fatal. O caso expôs as fragilidades do sistema de emergência médica e resultou na instauração de um processo disciplinar a um médico do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Porto. A investigação da IGAS, uma de 12 abertas a óbitos ocorridos durante a paralisação dos técnicos do INEM, apurou que "o atraso no atendimento telefónico por parte do CODU poderá ter tido uma influência significativa no desfecho final da vítima", que se encontrava numa situação de engasgamento. Adicionalmente, foi encontrado "indício disciplinar na atuação de um médico regulador do CODU do Porto", que não terá agido "de forma diligente e zelosa aquando do acionamento dos meios diferenciados de emergência médica". Em resposta, o presidente do INEM, Sérgio Janeiro, anunciou a abertura de um processo disciplinar ao médico visado, ressalvando que "a abertura destes procedimentos não são de todo presunção de culpa".
Janeiro contextualizou o sucedido num "dia muito atípico", elogiando quem se manteve ao serviço durante a greve.
Das 12 mortes investigadas, a IGAS concluiu que três, incluindo a de Mogadouro, estiveram associadas a atrasos no socorro.
A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, recusou comentar diretamente o relatório, afirmando que já o leu e que lhe cabe "olhar para aquilo que são as recomendações, olhar para as conclusões" e avaliar, junto do INEM, os próximos passos. A ministra reiterou o seu compromisso em reformar o instituto, afirmando que o governo "jamais aceitará qualquer tipo de pressão" e que as decisões serão baseadas "naquilo que é a melhor evidência".
Em resumoA morte em Mogadouro durante a greve do INEM evidenciou falhas operacionais graves, confirmadas pela IGAS como tendo tido um papel provável no desfecho. O caso resultou na abertura de um processo disciplinar a um médico e reforçou a urgência da reforma do sistema de emergência médica, sendo uma de três mortes associadas a atrasos no socorro durante o período de paralisação.