O acidente realça a vulnerabilidade dos peões nos centros urbanos e o impacto profundo de perdas súbitas em comunidades académicas e familiares.

A cientista, doutorada em ecologia, era investigadora no MARE (Centro de Ciências do Mar e do Ambiente) e vivia na capital portuguesa. O acidente ocorreu na noite de 25 de setembro, na Rua Snu Abecasis, no Lumiar, uma via com limite de velocidade de 40 km/h.

Uma testemunha relatou ter ouvido um "estrondo" e encontrado a vítima "projetada alguns metros mais à frente da passadeira".

O condutor, um jovem de aproximadamente 30 anos, permaneceu no local, visivelmente "devastado" e a "chorar compulsivamente".

A notícia foi confirmada pelo companheiro da vítima, Yago Bezerra, numa publicação emotiva nas redes sociais: "Perdi a pessoa que sentia o prazer de me fazer feliz.

(...) Estou sem chão".

A sua morte desencadeou uma notável onda de apoio, com uma campanha de angariação de fundos online para custear a trasladação do corpo para o Rio de Janeiro, que ultrapassou a meta de 100 mil reais, chegando a quase 20 mil euros com a contribuição de 970 pessoas.

O MARE emitiu um comunicado lamentando a perda, recordando Flávia pela sua "energia contagiante, pela alegria de viver e pelo humor inconfundível", bem como pela sua dedicação à ciência.

Este caso trágico trouxe a lume as perigosas estatísticas de Portugal, um dos países da União Europeia com maiores índices de mortalidade de peões em passadeiras. Dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) indicam que, entre janeiro de 2023 e junho de 2024, mais de 11 mil pessoas foram atropeladas em Portugal, resultando em 251 mortes.