O caso levanta complexas questões sobre saúde mental na adolescência, violência filioparental e o enquadramento legal para crimes cometidos por menores.

O corpo de Susana Gravato, de 49 anos, foi encontrado pelo marido na residência da família, na Gafanha da Vagueira, após esta ter sido atingida por um disparo de arma de fogo. O principal suspeito, o filho de 14 anos, confessou o crime às autoridades.

A investigação da Polícia Judiciária (PJ) apurou que o jovem utilizou uma arma pertencente ao pai, que estaria guardada num cofre cujo código conhecia, e tentou simular um assalto para encobrir o ato, chegando a desligar as câmaras de videovigilância e a esconder a arma na campa dos avós paternos.

Aos inspetores, o adolescente terá justificado o ato alegando que a mãe o "chateava muito" e era muito exigente. A comunidade local descreve o jovem como "muito calmo" e "muito educado", o que adensa o mistério sobre a motivação do crime.

Uma psicóloga alertou que comportamentos "demasiado perfeitos" em adolescentes podem ser um "mau sinal".

No âmbito do processo, o tribunal decretou a medida cautelar de internamento em regime fechado num centro educativo por um período de três meses, enquanto se aguardam perícias médicas sobre a personalidade do jovem, havendo suspeitas de que possa sofrer de transtorno obsessivo-compulsivo.

A justiça determinou ainda que o corpo da vereadora não pode ser cremado até à conclusão das diligências periciais, embora o funeral se realize este sábado.