As sessões em tribunal têm sido marcadas por testemunhos contraditórios, com a defesa a alegar legítima defesa e as testemunhas a negarem que a vítima estivesse armada.

O caso remonta a 21 de outubro de 2024, quando, após uma breve perseguição de carro, Odair Moniz foi mortalmente baleado pelo agente Bruno Pinto.

Em tribunal, o polícia afirmou ter agido em legítima defesa, declarando ter visto Odair com “uma lâmina” na mão e com “aquela atitude astuta e passivo-agressiva”. No entanto, esta versão é veementemente contestada por testemunhas presenciais, incluindo um amigo e o sobrinho da vítima, que garantiram em tribunal que Odair Moniz não tinha qualquer objeto na mão no momento dos disparos.

Uma das testemunhas foi mesmo confrontada pela juíza devido a contradições no seu depoimento.

O caso transcendeu a esfera judicial, tornando-se um ponto de reflexão sobre as relações entre as forças de segurança e as comunidades racializadas em Portugal. Uma crónica de opinião descreve o encontro entre o polícia e a vítima como uma “dança antiga”, onde o medo e os preconceitos mútuos culminam em tragédia, questionando se o desfecho teria sido o mesmo se o suspeito fosse um homem branco numa zona diferente de Lisboa.

O julgamento prossegue, com a análise das provas e dos testemunhos a ser crucial para determinar a responsabilidade do agente e as circunstâncias exatas que levaram à morte de Odair Moniz.