A tragédia adquiriu contornos políticos quando a ministra afirmou no Parlamento que a grávida, Umo Cani, não tinha sido acompanhada durante a gestação.

Esta declaração foi rapidamente desmentida pela família, que apresentou provas de múltiplas consultas desde julho, e mais tarde pela própria Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra.

A administração do hospital admitiu ter fornecido informação incorreta à tutela, justificando a falha com a "inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado".

A mulher, que viajou da Guiné-Bissau para Portugal para ter a filha, deu entrada na urgência na madrugada de sexta-feira, já em paragem cardiorrespiratória, após ter sido mandada para casa numa consulta de rotina dias antes, onde lhe foi detetada uma "hipertensão ligeira". Apesar dos esforços médicos e de uma cesariana de emergência, a mãe faleceu.

O bebé, que nasceu com vida mas com "prognóstico muito reservado", morreu na manhã seguinte.

O caso levou à abertura de inquéritos por parte do Ministério Público, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e da Entidade Reguladora da Saúde (ERS) para avaliar a assistência prestada.

Confrontada com pedidos de demissão, nomeadamente do partido Chega, a ministra Ana Paula Martins recusou abandonar o cargo, afirmando: "Não, não me demito".

A situação intensificou o debate sobre a gestão do SNS, com o PS a exigir a responsabilização do primeiro-ministro e o Presidente da República a sugerir um pacto de regime para a saúde.