A controvérsia intensificou-se quando a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, afirmou no Parlamento que a utente não tinha acompanhamento prévio no SNS, uma informação que se revelou incorreta. Documentos e testemunhos da família comprovaram que a grávida era seguida desde julho no Centro de Saúde de Agualva-Cacém. A própria Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra veio mais tarde a confirmar o acompanhamento, atribuindo a falha de informação inicial à “ausência de um sistema de informação clínica plenamente integrado”. Esta falha de comunicação e a pressão pública levaram à demissão do presidente do conselho de administração do hospital, Carlos Manuel Ferreira de Sá, que assumiu a responsabilidade por ter transmitido informação incorreta à tutela.

A família da vítima anunciou a intenção de apresentar queixa-crime contra a ministra por difamação e contra a unidade hospitalar por negligência.

Organizações como a SOS Racismo acusaram a ministra de proferir um “discurso xenófobo” ao associar o caso a mulheres imigrantes que vêm a Portugal apenas para dar à luz.

O episódio expôs fragilidades estruturais do SNS e gerou um forte abalo na posição política da ministra, com vários partidos da oposição a exigirem a sua demissão, embora o primeiro-ministro, Luís Montenegro, lhe tenha reafirmado a confiança.