O caso transcendeu a tragédia pessoal, tornando-se um símbolo do debate público sobre a crise na saúde em Portugal.
A morte de Umo Cani e da sua filha, ocorrida a 29 de outubro, expôs uma série de dificuldades sentidas tanto pelos utentes como pelas suas famílias no acesso a cuidados de saúde adequados. A família da vítima manifestou publicamente um profundo sentimento de abandono por parte das autoridades, lamentando a ausência de contacto ou de condolências por parte do Ministério da Saúde. Um familiar chegou a afirmar que o "Ministério nem as condolências nos deu", um sentimento agravado pela espera de 12 dias para poder reconhecer os corpos no Instituto de Medicina Legal. A família continua a exigir os resultados da autópsia para compreender as circunstâncias que levaram às mortes. Perante a falta de apoio institucional, a comunidade mobilizou-se, conseguindo angariar, através de doações, os fundos necessários para a trasladação dos corpos para a Guiné-Bissau, país de origem da família, onde se realizarão os funerais.
A reação política ao caso adensou a controvérsia.
A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, ao ser questionada sobre o assunto, afirmou: “Não sinto que tenha falhado.
Estou a cumprir o meu dever”.
Esta declaração foi recebida com críticas e intensificou o debate sobre a responsabilidade política na gestão do SNS.
A tragédia de Umo Cani e da sua bebé tornou-se, assim, um catalisador para a discussão nacional sobre o estado dos serviços de obstetrícia e urgências hospitalares, a falta de recursos e a necessidade de reformas estruturais para garantir a segurança e a dignidade dos utentes.













