O incidente expôs a vulnerabilidade da população idosa e levantou questões sobre o ordenamento do território e a resposta das autoridades a fenómenos meteorológicos extremos.
Raúl e Edviges, ambos com 88 anos, foram encontrados sem vida na sua habitação, que ficou submersa devido às chuvas intensas.
A tragédia foi amplificada por vários fatores que geraram debate público.
A casa estava localizada numa zona de construção ilegal, sem condições adequadas de escoamento, o que, segundo moradores, agravou a situação. O presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, confirmou que a habitação era "clandestina" e "sem licenciamento", enquanto o presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro, Rui Pereira, acrescentou que a casa não reunia "as condições necessárias para ser legalizada".
A família do casal pondera avançar para tribunal, alegando inação por parte da autarquia.
A situação do casal, que era autónomo mas recebia apoio para refeições, também levantou questões sobre a segurança dos idosos, uma vez que possuíam um botão de pânico que não conseguiram acionar.
A comunidade local ficou chocada, com uma vizinha a recordar: "Andavam sempre os dois, ela com a bengalinha, ele já com aqueles olhos assim, perdidos, e morreram os dois, pronto, juntos".
O comandante dos bombeiros que encontrou as vítimas relatou o cenário desolador: "Encontrámos os corpos de ambos a boiar".
A perda gerou reações ao mais alto nível, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, a lamentarem as mortes e a sublinharem a precariedade habitacional em que vivem muitos idosos em Portugal.












