A tragédia ocorreu durante a madrugada, quando a subida rápida das águas inundou a residência, deixando as vítimas, identificadas como Raúl e Edviges, encurraladas.

Os bombeiros e a GNR, ao chegarem ao local após um alerta de vizinhos, encontraram os corpos a boiar, tendo de entrar na casa “com água pelo peito”. O incidente desencadeou uma vaga de críticas à Câmara Municipal do Seixal e à Junta de Freguesia de Fernão Ferro. A Associação de Proteção Civil (APROSOC) exigiu uma investigação criminal, acusando as entidades de “omissões grosseiras” e “inércia e inépcia” no ordenamento do território, uma vez que a habitação se situava numa zona de risco.

A família das vítimas pondera igualmente avançar com uma ação judicial.

Em resposta, o presidente da Câmara do Seixal, Paulo Silva, rejeitou as acusações, classificando-as como difamatórias e sublinhando que a casa era uma “construção ilegal” e “sem licenciamento”, como muitas outras na zona.

No entanto, foi revelado que o casal pagava IMI pelo imóvel.

O Presidente da República lamentou o sucedido, notando que a tragédia evidencia a “precaridade da vida e da habitação de setores mais idosos ou mais pobres da população”.

Uma vizinha recordou o casal de forma emotiva: “Andavam sempre os dois, ela com a bengalinha, ele já com aqueles olhos assim, perdidos, e morreram os dois, pronto, juntos”.