Um relatório da Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), um organismo apoiado pela ONU, confirmou que “o pior cenário de fome está em curso em Gaza”, prevendo “mortes generalizadas” se não houver uma ação imediata. Os números corroboram a gravidade da situação, com o Ministério da Saúde de Gaza a reportar que o número de mortos por subnutrição e fome já ultrapassa os 140, sendo a maioria crianças. A situação é de tal forma grave que cerca de 470 mil pessoas enfrentam fome e 90 mil mulheres e crianças necessitam de nutrição especial. Esta realidade contrasta com as declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que continua a negar a existência de fome, uma posição publicamente contrariada pelo seu aliado, o presidente norte-americano Donald Trump, que admitiu ver sinais de “verdadeira fome” e prometeu a abertura de centros alimentares. Em resposta à pressão internacional, Israel anunciou “pausas táticas” diárias nas suas operações militares em algumas zonas para permitir a entrada de ajuda e retomou os lançamentos aéreos, em cooperação com países como a Alemanha, França, Jordânia e os Emirados Árabes Unidos. No entanto, estas medidas são vistas como largamente insuficientes. O Rei Abdullah II da Jordânia descreveu os lançamentos aéreos como uma mera “gota no oceano”, e organizações como os Médicos Sem Fronteiras (MSF) consideraram a iniciativa “inútil” e “perigosa”, defendendo que a única solução eficaz seria a abertura total das passagens terrestres para a entrada massiva e segura de centenas de camiões de ajuda diariamente.
