Organizações humanitárias e médicos no terreno denunciam uma fome deliberada e um colapso total das condições de vida, exacerbados pelo bloqueio à ajuda humanitária. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde de Gaza indicam que as mortes por fome dispararam em julho, após meses de bloqueio israelita. O número total de mortes por desnutrição desde o início da guerra atingiu 210 pessoas, sendo quase metade crianças.

Organizações como os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) descrevem uma situação desesperante.

O CICV assistiu mais de 4.500 pessoas feridas a tiro no sul de Gaza desde 27 de maio, enquanto tentavam obter ajuda nos centros de distribuição. Os MSF classificaram estes pontos de distribuição como "assassínios orquestrados" e "armadilhas mortais".

A ajuda que entra no enclave é manifestamente insuficiente.

Israel informou que, na primeira semana de agosto, entraram em média 270 camiões por dia, um número muito inferior aos 600 que as organizações humanitárias consideram necessários para suprir as necessidades básicas da população.

A fome é agravada pela proibição da pesca e pela impossibilidade de cultivo, com o preço da farinha a aumentar 5600% em cinco meses.

Um psicólogo português dos MSF, com experiência em vários cenários de guerra, afirmou nunca ter observado uma situação tão violenta como a que se verifica atualmente no território palestiniano.