A fome e a desnutrição estão a causar mortes, com as Nações Unidas a alertar para "o pior cenário possível de fome".

Rik Peeperkorn, chefe do escritório da OMS para os territórios palestinianos, afirmou que a ajuda "não está a entrar, de todo, nos níveis necessários", apesar de Israel ter garantido pausas nos combates para esse efeito.

A situação deve-se a procedimentos lentos e ao bloqueio contínuo de determinados fornecimentos, incluindo material médico.

A OMS recorda que, durante um cessar-fogo anterior, entravam entre 400 e 600 camiões diários, o que aliviava a fome e permitia reabastecer os hospitais, algo que "nada disso está a acontecer agora".

Atualmente, apenas metade dos hospitais funciona de forma limitada, com uma lotação que excede em duas a três vezes a capacidade e uma grave escassez de medicamentos, com "pelo menos 52% dos fármacos e 68% dos fornecimentos" esgotados.

A crise alimentar é tão severa que a ONU alerta que mais de um terço da população passa dias sem comer. O Ministério da Saúde de Gaza reportou mais cinco mortes por desnutrição, incluindo uma criança de quatro anos, elevando o total de vítimas por esta causa para 222, das quais 101 eram menores de idade. A ONG Save The Children afirmou que "pelo menos 100 crianças morreram de fome a poucos quilómetros de ajuda alimentar", descrevendo a situação como "totalmente previsível e evitável".

O psicólogo Raul Manarte, dos Médicos Sem Fronteiras, descreveu o cenário como "uma nova forma de matar pessoas", onde a fome é a principal diferença em relação a meses anteriores.