As Nações Unidas declararam oficialmente a fome na província de Gaza, um marco sombrio e inédito no Médio Oriente, que gerou uma forte reação internacional e uma veemente negação por parte de Israel e dos Estados Unidos. A declaração foi emitida pelo Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC), um organismo da ONU, que confirmou que mais de 500.000 pessoas enfrentam “condições catastróficas caracterizadas por fome, miséria e morte”. O relatório projeta que a fome se alastrará às províncias de Deir al-Balah e Khan Yunis até ao final de setembro. A diretora executiva do Programa Alimentar Mundial, Cindy McCain, descreveu um cenário desolador após a sua visita: “Encontrei crianças a morrer de fome e a receberem tratamentos para subnutrição grave e vi fotografias das mesmas quando estavam bem de saúde.
Estão irreconhecíveis”.
A diretora-executiva da Save the Children, Inger Ashing, acusou Israel de usar a fome “como método de guerra nos seus termos mais negros”. A crise humanitária motivou um apelo conjunto de 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, que expressaram “profundo alarme” e confiança na metodologia do IPC.
Notavelmente, os Estados Unidos foram o único membro a não assinar a declaração.
A embaixadora norte-americana na ONU, Dorothy Shea, embora reconhecendo “um problema real de fome em Gaza”, questionou a credibilidade do relatório, defendendo que os critérios usados “não passam no teste”.
A reação de Israel foi ainda mais incisiva.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o relatório como uma “mentira descarada”, enquanto o Ministério dos Negócios Estrangeiros exigiu a sua retirada imediata, acusando o IPC de ser “uma instituição de investigação politizada” que apoia uma “falsa campanha de fome do Hamas”.
Em resumoA declaração oficial de fome em Gaza pela ONU expôs uma profunda divisão na comunidade internacional. Enquanto a maioria das nações e agências humanitárias validam a crise catastrófica, Israel e os Estados Unidos contestam veementemente as conclusões, atribuindo a situação ao Hamas e a falhas metodológicas do relatório.