Esta situação, denunciada por agências humanitárias e pela ONU, é apontada como a causa direta da fome declarada no território.

Fontes do Crescente Vermelho Egípcio relatam que Israel rejeita diariamente "entre 30 e 40%" dos camiões de ajuda na passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel.

Os pretextos para a rejeição variam entre "problemas com a carga, com o tipo de produtos ou devido a intimidação e atrasos". Os camiões-cisterna com combustível, essenciais para o funcionamento de hospitais e padarias, são particularmente visados.

A ONU descreveu a situação como uma "obstrução sistemática de Israel", uma visão partilhada pelo Secretário-Geral António Guterres, que exigiu o fim das "mentiras", "desculpas" e "obstáculos" à ajuda. A gravidade da situação é acentuada por denúncias de peritos independentes da ONU sobre "desaparecimentos forçados" de palestinianos em pontos de distribuição de ajuda geridos pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), uma estrutura apoiada pelos EUA e Israel. A FHG negou as acusações, mas os seus pontos de distribuição já foram criticados pela ONU como "armadilhas a céu aberto".

O Egito, mediador no conflito, acusa Israel de restringir a ajuda, afirmando que o enclave necessita de 700 a 900 camiões diários para satisfazer as necessidades básicas, um número muito superior ao que atualmente consegue entrar.