Uma grave crise humanitária assola Gaza, com as Nações Unidas a declararem oficialmente um estado de fome, uma conclusão que Israel e os Estados Unidos negam, mas que é corroborada por relatos angustiantes de agências de ajuda no terreno e um crescente número de mortos por desnutrição. O relatório do Quadro Integrado de Classificação da Segurança Alimentar (IPC) da ONU confirmou, pela primeira vez no Médio Oriente, a existência de fome na província de Gaza, projetando a sua expansão para outras áreas do enclave até ao final de setembro. A declaração foi apoiada por 14 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, com a notável ausência dos Estados Unidos. A embaixadora dos EUA na ONU, Dorothy Shea, questionou a credibilidade do relatório, enquanto Israel o classificou como "fabricado" para "demonizar" Telavive.
No entanto, os dados do terreno pintam um quadro desolador.
O número de mortos por desnutrição e fome já ultrapassa os 330, incluindo mais de 120 crianças. A UNICEF relatou um aumento alarmante nos casos de subnutrição infantil, saltando de 2.000 em fevereiro para quase 13.000 em julho.
O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, exigiu o fim dos "obstáculos" e "mentiras" na entrega de ajuda, afirmando que "a fome da população civil nunca deve ser utilizada como método de guerra". A diretora da Save the Children descreveu um cenário de silêncio nas clínicas, "porque as crianças não têm forças para chorar", e a chefe do Programa Alimentar Mundial, Cindy McCain, testemunhou em primeira mão "crianças a morrer de fome". A situação levou o Canadá a acusar Israel de provocar a fome e o embaixador palestiniano a desafiar o Conselho de Segurança a visitar Gaza para constatar a realidade.
Em resumoA ONU declarou oficialmente fome em Gaza, citando um número crescente de mortes por desnutrição, especialmente entre crianças. A conclusão é rejeitada por Israel e pelos EUA, mas apoiada por evidências de agências humanitárias e pela maioria do Conselho de Segurança.