A ONU declarou em agosto uma situação de fome no norte de Gaza, um acontecimento inédito no Médio Oriente, sublinhando a gravidade da crise alimentar provocada pelo conflito. O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que usar a fome como arma de guerra “é um crime de guerra que nunca poderá ser tolerado” e que a situação “não tornará Israel mais seguro nem facilitará a libertação de reféns”. A porta-voz da UNICEF, Tess Ingran, descreveu a Cidade de Gaza como “uma cidade de medo, fuga e funerais”, onde “a infância não pode sobreviver”.

A subnutrição está a enfraquecer os corpos das crianças, com relatos de bebés a perder a visão e a força para andar.

Paralelamente, o sistema de saúde está à beira do colapso. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, pediu a “proteção imediata” dos hospitais e das equipas médicas no norte do enclave, alertando para uma “catástrofe humanitária que ameaça a vida de milhares de pacientes e feridos”. Apenas cinco dos onze hospitais parcialmente funcionais na Cidade de Gaza possuem unidades de cuidados intensivos neonatais, com incubadoras a funcionar a 200% da sua capacidade. Mais de 40 especialistas da ONU exigiram uma reunião de emergência da Assembleia-Geral para abordar o que descrevem como “genocídio e fome deliberada em Gaza”.