A situação é agravada pela ofensiva militar israelita e pelas severas restrições à entrada de ajuda humanitária, com consequências fatais para crianças e mulheres grávidas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) revelou dados alarmantes, indicando que a percentagem de crianças diagnosticadas com subnutrição aguda aumentou de 8,3% em julho para 13,5% em agosto, atingindo 19% na Cidade de Gaza. A diretora-executiva da agência, Catherine Russell, afirmou: "Em agosto, uma em cada cinco crianças na Cidade de Gaza foi diagnosticada com subnutrição aguda e necessitou do tratamento nutricional vital fornecido pelo UNICEF".

A situação é agravada pelo encerramento de centros nutricionais devido à escalada militar.

As autoridades de Gaza registaram 411 mortes por fome e subnutrição, incluindo 142 crianças.

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, descreveu a situação como uma "catástrofe causada pelo Homem" que "poderia parar agora mesmo", acusando Israel de usar a fome como arma de guerra, o que constitui "um crime de guerra que nunca poderá ser tolerado". Advertiu ainda que a fome "não tornará Israel mais seguro nem facilitará a libertação de reféns".

A porta-voz da UNICEF, Tess Ingran, descreveu a Cidade de Gaza como "uma cidade de medo, fuga e funerais", onde "a fome estava em todos os lugares", com famílias a partilhar uma única tigela de lentilhas ou arroz por dia. A crise é o resultado direto do bloqueio imposto por Israel, que levou à declaração oficial de fome pela ONU, uma situação sem precedentes no Médio Oriente, embora as autoridades israelitas neguem a sua existência.