Esta posição representa um desafio direto aos esforços diplomáticos internacionais e à solução de dois Estados, endurecendo ainda mais o conflito.

Num evento no colonato de Maale Adumim, Netanyahu foi explícito: “Cumpriremos a nossa promessa: não haverá Estado palestiniano, este lugar pertence-nos”.

A sua declaração não só rejeita a base da maioria das propostas de paz internacionais, como também se alinha com a agenda da ala de extrema-direita do seu governo, liderada por figuras como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que defende abertamente a anexação da Cisjordânia. Esta postura surge em resposta direta ao crescente movimento internacional para reconhecer o Estado da Palestina e à recente resolução da ONU sobre a solução de dois Estados. A política de expansão dos colonatos, considerada ilegal pelo direito internacional, intensificou-se significativamente desde o início da guerra.

Recentemente, Israel aprovou a construção de 3.400 novas habitações na Cisjordânia, um plano criticado pela ONU por ameaçar a contiguidade de um futuro Estado palestiniano. A violência na Cisjordânia também aumentou, com mais de mil palestinianos mortos desde o início da guerra, incluindo 212 crianças, e o deslocamento forçado de 40 mil civis. A retórica de Netanyahu, combinada com ações concretas no terreno, como a expansão dos colonatos e o aumento da repressão, é vista pela Autoridade Palestiniana como uma “anexação progressiva da Cisjordânia” e uma tentativa de tornar a solução de dois Estados fisicamente impossível.