Esta fratura interna constitui um dos maiores entraves à implementação de um cessar-fogo duradouro.

O líder da ala militar em Gaza, Izz al-Din al-Haddad, comunicou aos mediadores a sua rejeição total, convicto de que o plano foi concebido “para acabar com o Hamas, independentemente de o movimento islamita palestiniano o aceitar ou não”, mostrando-se determinado a continuar a lutar.

Em contraste, a liderança política sediada no Qatar estaria “aberta a aceitar o plano com ajustes”, embora a sua influência seja considerada limitada, dado não ter controlo direto sobre os reféns.

A desconfiança em relação a Israel é um fator central, exacerbada pela recente tentativa israelita de assassinar a liderança do Hamas em Doha, contra a vontade dos EUA.

O dirigente Mohamed Nazzal afirmou que o grupo “não aceita ameaças, ditames ou pressões”, mas prometeu uma resposta “muito em breve”.

A oposição é também alimentada pela aparente rejeição de Netanyahu a termos cruciais do acordo, como a retirada total das forças israelitas e um “caminho fiável para a autodeterminação e a criação de um Estado palestiniano”. A exigência de que o Hamas se desarme e não tenha qualquer papel futuro na governação de Gaza é outro ponto de contenção inultrapassável para o movimento. Este conflito interno espelha o desafio monumental para os mediadores, pois qualquer acordo exequível requer um consenso entre as fações política e militar do Hamas, que operam com prioridades e níveis de exposição ao conflito muito distintos.