O futuro político e securitário da Faixa de Gaza representa um dos maiores desafios do acordo de paz, com o desarmamento do Hamas e a sua exclusão da governação a serem pontos centrais da segunda fase. A recente reaparição das forças de segurança do Hamas nas ruas de Gaza, em simultâneo com confrontos internos, ilustra a complexidade da transição de poder no enclave. O plano de paz promovido pelos EUA é explícito: prevê a exclusão do Hamas da futura governação de Gaza e a destruição do seu arsenal. O sexto ponto do plano estabelece que os membros do Hamas que se comprometam com a coexistência pacífica e entreguem as armas beneficiarão de uma amnistia, enquanto os restantes enfrentarão o exílio, uma proposta que um alto funcionário do Hamas classificou como “absurda”.
Apesar de o grupo palestiniano ter afirmado não ter interesse em permanecer no governo, a sua disponibilidade para entregar as armas é incerta e alvo de relatos díspares.
A realidade no terreno complica ainda mais este cenário.
Desde o início do cessar-fogo, membros das forças de segurança do Hamas foram destacados para várias cidades, mercados e estradas.
Em Shujaiya, foram relatados “intensos combates” entre uma unidade afiliada ao Hamas e clãs armados.
Uma nova “Força de Dissuasão” do Hamas está a realizar operações para “neutralizar indivíduos procurados” e garantir a estabilidade. Esta reafirmação da sua autoridade securitária no terreno colide diretamente com os objetivos da segunda fase do acordo, levantando sérias dúvidas sobre a viabilidade do desarmamento e a transição para uma nova estrutura de governação.
Em resumoO desarmamento do Hamas e a sua exclusão do poder são condições centrais do acordo de paz, mas a sua implementação é altamente incerta. A reaparição das forças do Hamas e os confrontos internos em Gaza demonstram que o grupo mantém controlo no terreno, criando um conflito direto com os objetivos do plano e tornando o futuro da governação do enclave um dos pontos mais voláteis do processo.