A discrepância entre a ajuda prometida no acordo de cessar-fogo e a que efetivamente chega agrava a crise de fome e desnutrição. Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a ajuda humanitária que entra no território palestiniano "é insuficiente" e "o nível de fome e desnutrição em Gaza continua inabalável".

Os dados recolhidos pela ONU, através do mecanismo "2720 Mechanism for Gaza", corroboram esta avaliação.

Entre 10 e 21 de outubro, entraram em média 94 camiões de ajuda por dia, um número drasticamente inferior aos 600 camiões diários previstos no plano de paz promovido por Donald Trump. Esta falha logística e burocrática tem consequências diretas na vida de milhões de pessoas, numa altura em que a ONU já tinha declarado uma situação de fome em várias zonas do território no final de agosto. A crise é agravada pelo facto de uma parte significativa da ajuda que entra em Gaza não chegar ao seu destino, sendo intercetada. A gravidade da situação levou a uma intervenção jurídica internacional, com o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) a emitir um parecer que atribui a Israel, como "potência ocupante", a obrigação de facilitar a entrega de ajuda.

Em resposta, a Noruega anunciou que irá apresentar uma resolução na ONU para garantir a implementação desta decisão, procurando transformar a obrigação legal em ação concreta no terreno.