Esta abordagem de duplo-fio sublinha o seu estatuto como um ator geopolítico indispensável na região.

Recentemente, o presidente Vladimir Putin e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, realizaram uma conversa telefónica para discutir a situação em Gaza no contexto do cessar-fogo, bem como as tensões em torno do Irão e da Síria.

Este contacto direto demonstra a capacidade de Moscovo de manter canais de comunicação abertos com Israel, apesar de serem alvo de mandados de detenção do TPI por razões distintas. Em paralelo, no Conselho de Segurança da ONU, a Rússia optou por se abster na votação da resolução sobre Gaza proposta pelos Estados Unidos. A análise de Sónia Sénica, comentadora da CNN Portugal, sugere que Moscovo "queria impor uma alternativa" ao plano norte-americano, evidenciando uma competição estratégica pela liderança na resolução do conflito.

A diplomacia russa, portanto, navega entre a cooperação pragmática e a rivalidade estratégica, procurando moldar os resultados no Médio Oriente de acordo com os seus interesses.