Um cessar-fogo em vigor na Faixa de Gaza desde 10 de outubro permanece extremamente frágil, marcado por acusações mútuas de violações e pela continuação da violência que já resultou em centenas de mortos desde o início da trégua. A instabilidade do acordo, que constitui a primeira fase de um plano de paz mais amplo promovido pelos Estados Unidos, representa uma ameaça constante à sua continuidade e à transição para as fases seguintes. Desde a sua implementação, o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, reportou a morte de pelo menos 367 palestinianos e mais de 953 feridos. A violência persiste principalmente ao longo da chamada “linha amarela”, uma fronteira tácita para onde as tropas israelitas recuaram, mantendo o controlo de mais de metade do território.
As forças israelitas abrem fogo quase diariamente contra palestinianos que se aproximam desta demarcação, muitos dos quais são deslocados que desconhecem os novos limites e tentam regressar às suas casas ou procurar alimentos.
Um dos incidentes mais graves ocorreu no início de dezembro, quando um ataque aéreo israelita a um campo de refugiados em Khan Yunis resultou na morte de cinco pessoas, incluindo duas crianças. As Forças de Defesa de Israel (FDI) justificaram a ação como uma retaliação a um ataque contra as suas tropas, enquanto o Hamas a classificou como um “claro crime de guerra” e uma “violação do acordo de cessar-fogo”.
Estas acusações cruzadas são quase diárias, com ambos os lados a imputarem ao outro a responsabilidade pelas hostilidades, o que dificulta a consolidação da paz e agrava a já calamitosa situação humanitária no enclave.
Em resumoO cessar-fogo em Gaza é meramente nominal, com a violência diária e as mortes a continuarem. As constantes violações de ambos os lados ameaçam todo o processo de paz e exacerbam a crise humanitária, demonstrando a profunda desconfiança e a dificuldade em alcançar uma estabilidade duradoura.