As forças militares israelitas revelaram uma complexa rede de túneis em Rafah, apresentando-a como prova da infraestrutura terrorista do Hamas e justificação para a sua devastadora operação militar na cidade. A ofensiva deixou a cidade mais a sul de Gaza em ruínas e provocou o encerramento da sua passagem vital com o Egito. Numa rara visita supervisionada para jornalistas internacionais, o exército israelita exibiu um túnel com mais de sete quilómetros de comprimento e até 25 metros de profundidade, que passava por baixo de bairros residenciais, um complexo da ONU e mesquitas. Segundo os militares, a estrutura era usada para armazenar armas e para a presença prolongada de militantes, incluindo altos comandantes como Mohammed Sinwar, cujo irmão, Yahya Sinwar, foi um dos mentores do ataque de 7 de outubro de 2023.
O tenente-coronel Nadav Shoshani afirmou que o Hamas “construiu uma cidade subterrânea incrível com o propósito de aterrorizar”. Esta demonstração de força contrasta com a paisagem de devastação à superfície.
A operação em Rafah, iniciada no ano passado, deslocou quase um milhão de palestinianos e deixou grande parte da cidade em ruínas.
Fotos de satélite mostram que, mesmo após o controlo da cidade, os militares demoliram sistematicamente os edifícios restantes.
A Associated Press descreveu a Rafah atual como uma “cidade fantasma”, com torres de betão retorcido e metal deformado a ladear as estradas. Além da destruição, as tropas israelitas assumiram o controlo e fecharam a passagem de Rafah com o Egito, a única ligação de Gaza ao exterior, agravando a crise humanitária.
Em resumoA revelação dos túneis do Hamas em Rafah serve a narrativa de Israel sobre a necessidade da sua operação militar, mas ocorre num cenário de destruição urbana massiva. A devastação da cidade e o fecho da fronteira com o Egito sublinham o elevado custo humano e material da estratégia israelita para desmantelar a infraestrutura do Hamas.