A sua participação destacou-se pelas declarações sobre o conflito israelo-palestiniano e a sua visão sobre a indústria cultural em Portugal.

Durante a conversa, Manel Cruz expressou abertamente a sua posição, afirmando: “Sou completamente pró-Palestina, como seria em relação a qualquer genocídio.

Há algo factual: as crianças que estão a morrer”.

Esta declaração surge no contexto de ter entrado em palco com uma bandeira da Palestina num concerto recente, um gesto que reflete a crescente tendência de artistas utilizarem as suas plataformas para o ativismo político. No entanto, o músico também revelou uma certa ambivalência sobre o seu papel enquanto figura pública, confessando sentir-se um “ignorante” e defendendo que os músicos “não têm mais obrigação” de intervir politicamente do que qualquer outro cidadão.

Esta dualidade oferece uma visão sincera sobre a pressão sentida por figuras públicas para se posicionarem sobre temas complexos.

Além das questões políticas, Cruz abordou a sua experiência enquanto presidente da associação de músicos do Centro Comercial STOP, no Porto, comparando a gestão da assembleia ao “Watergate da Rua do Heroísmo” e mencionando acusações de desvio de fundos que refutou. A sua visão da arte como uma profissão, comparando-se a um “trolha”, desmistifica a imagem romantizada do artista e sublinha a importância de se discutirem as condições de trabalho e os aspetos práticos da criação cultural.

A entrevista no 'Posto Emissor' ilustra, assim, o valor dos podcasts como espaços para conversas longas e aprofundadas, permitindo explorar as múltiplas facetas de personalidades públicas.