A conversa destacou que o problema vai muito além das alterações climáticas, apontando para falhas históricas no ordenamento do território e na gestão florestal.
Segundo Pedro Bingre do Amaral, a transformação da paisagem nacional ao longo de "décadas - e séculos - de políticas erradas e incoerentes" criou as condições para a ocorrência de mega-incêndios.
Um dos erros mais significativos, segundo o especialista, foi o "desmantelamento dos serviços florestais".
A análise revelou também particularidades do caso português, como o facto de o país ter "menos de 2% de floresta pública", uma situação única na Europa, o que complica a gestão integrada da floresta. Outro ponto crítico levantado foi a questão da propriedade dos terrenos rústicos, com o investigador a afirmar que "não é impossível que 60% dos terrenos rústicos estejam em nome de mortos", o que dificulta enormemente qualquer intervenção de ordenamento ou limpeza. A discussão no podcast "45 Graus" serviu para desmistificar a ideia de que os incêndios são apenas um problema de combate, focando-se antes nas causas profundas e sistémicas.
Ao trazer um especialista para explicar a complexidade do tema, o programa contribuiu para um debate público mais informado sobre uma das questões mais prementes que Portugal enfrenta.













