O episódio, conduzido por José Maria Pimentel, explora os desafios e as complexidades do ofício de escrever biografias, um género literário que se situa na fronteira entre a história e a literatura.

Na primeira parte da entrevista, Maria Antónia Oliveira oferece uma visão detalhada sobre a sua metodologia de trabalho e filosofia enquanto biógrafa.

Um dos pontos centrais da sua abordagem é a recusa em escrever sobre personalidades vivas, uma decisão que justifica com a complexidade acrescida que tal acarreta.

Segundo a autora, a presença do biografado “torna o papel do biógrafo muito mais difícil”, sugerindo que a distância temporal é crucial para a objetividade e liberdade do escritor.

Oliveira descreve a natureza multifacetada do seu ofício através de uma metáfora elucidativa: “O biógrafo é como um polvo: investiga como historiador, pensa como psicólogo, cruza dados como estatístico, e escreve como romancista”.

Esta citação sublinha a interdisciplinaridade necessária para construir um retrato fiel e cativante, que habita o “território intermédio entre a história e a literatura”.

A conversa posiciona a biografia não apenas como um registo factual, mas como uma arte que exige uma combinação rara de competências analíticas e criativas. Ao partilhar estas reflexões, o episódio do podcast proporciona aos ouvintes uma valiosa perspetiva sobre os bastidores de um género que continua a fascinar leitores, ao mesmo tempo que solidifica o estatuto de Oliveira como uma das principais vozes na biografia contemporânea em Portugal.