A convidada, a advogada Leonor Caldeira, especialista em liberdade de expressão, classificou o processo como uma “perda de tempo” e criticou a forma como o sistema judicial português lida com estes casos. Leonor Caldeira argumentou que o processo, no qual os Anjos pediam uma indemnização superior a um milhão de euros, carecia de fundamento sólido desde o início.

Segundo a advogada, em sistemas judiciais como o do Reino Unido ou dos Estados Unidos, um caso semelhante seria liminarmente rejeitado, ou, como se diz na gíria, “arrumado na secretaria”.

A especialista criticou a lentidão e a falta de triagem dos tribunais portugueses, que, na sua opinião, “ainda não cortam pela raíz processos sem pés nem cabeça e que talvez só visam efeitos de intimidar a outra parte”.

A discussão no podcast enquadrou a absolvição de Joana Marques num debate mais amplo sobre os limites do humor e da liberdade de expressão em Portugal. A análise de Caldeira sugere que, embora a decisão final tenha sido favorável à humorista, o próprio facto de o processo ter avançado representa uma falha do sistema, que permite a utilização dos tribunais para potenciais atos de intimidação, consumindo tempo e recursos de forma desnecessária.

O episódio destacou a importância de proteger a sátira e a crítica humorística, mesmo quando estas são consideradas desagradáveis ou ofensivas pelos visados.