O episódio explorou a complexidade deste género literário, que se situa na intersecção entre a investigação histórica e a narrativa literária.

Durante a entrevista, Oliveira partilhou a sua filosofia de trabalho, descrevendo a figura do biógrafo de forma metafórica: “O biógrafo é como um polvo: investiga como historiador, pensa como psicólogo, cruza dados como estatístico, e escreve como romancista”.

Esta analogia ilustra a multiplicidade de competências necessárias para construir um retrato fiel e cativante de uma vida. Um dos pontos centrais da sua abordagem é a recusa em escrever sobre figuras vivas, uma decisão que justifica de forma pragmática: “Nunca faria a biografia de alguém vivo, torna o papel do biógrafo muito mais difícil”.

Esta posição sublinha a importância da distância histórica e da liberdade editorial para evitar as pressões e os constrangimentos que podem surgir da interação com o biografado ou com o seu círculo próximo. A conversa mergulhou nas nuances do ofício, abordando os desafios da pesquisa, a responsabilidade ética de lidar com a vida de outrem e a necessidade de equilibrar o rigor factual com uma prosa envolvente.

O episódio do "45 Graus" funcionou, assim, como uma aula sobre um género que fascina leitores, mas cujos bastidores são frequentemente desconhecidos.