Na entrevista, a autora definiu o seu trabalho como um ofício multidisciplinar, que se move no território entre a história e a literatura, e partilhou algumas das suas regras éticas, como a de nunca biografar uma pessoa viva.
A conversa permitiu desvendar o processo complexo por trás da escrita de uma biografia.
Maria Antónia Oliveira descreveu o biógrafo de forma metafórica como "um polvo", explicando que este necessita de múltiplas competências: "investiga como historiador, pensa como psicólogo, cruza dados como estatístico, e escreve como romancista".
Esta definição ilustra a exigência do género, que requer não só um rigoroso trabalho de investigação, mas também uma sensibilidade psicológica para interpretar uma vida e uma habilidade literária para a narrar de forma cativante.
Um dos pontos centrais da sua abordagem é a questão ética, particularmente no que diz respeito à distância temporal do seu objeto de estudo.
A autora foi clara ao afirmar: "Nunca faria a biografia de alguém vivo, torna o papel do biógrafo muito mais difícil".
Esta posição sublinha a importância da objetividade e do acesso a uma perspetiva histórica completa, algo que se torna mais complexo quando o biografado e os seus contemporâneos ainda estão presentes e podem influenciar a narrativa.
Ao dedicar um episódio a esta reflexão, o podcast "45 Graus" posiciona-se como um espaço para discussões intelectuais e de nicho, oferecendo ao público uma visão dos bastidores do mundo literário.
A entrevista com Maria Antónia Oliveira não só valoriza o género biográfico, como também promove uma reflexão sobre a natureza da verdade, da memória e da construção de narrativas históricas.













